sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O Triunfo do Bem e do Mal

O Triunfo do Bem e do Mal 

I
A história que vou contar
Sem aumentar um tantim
Por fé de Deus não encontro
Algo parecido assim
Nem o maior menestrel
Que hoje mora no céu
Viu o que foi visto por mim

II
Em um pé de tamboril
Terreiro de Chico Vito
Vi a tal bola de fogo
Algo muito esquisito
Andando pela folhagem
Nunca vi igual imagem
Ou parecida com isto

III
Vindo lá do sítio alto
Chegando na Canudama
Passando na encruzilhada
Vi uma bola em chamas
Meu cavalo em duas patas
Empina, pula e salta
Enquanto a bola inflama

IV
Vi saltar de uma moita
Um magrelo arrepiado
Galego, bem sarará
Dos olhos esbugaiado
- Se ponha aqui no chão
Disse com tal afirmação
Para o tal fogo rosado

V
Do fogo uma voz bradou
Gerando um alarido
Que estralava na mata
Provocando um zumbido
La estava frente a frente
Um bicho que não era gente
E o magrelo atrevido

VI
E eu me pelando de medo
No meio da encruzilhada
Vendo aquele reboliço
E sem entender nada
Tomei uma decisão
De correr na plantação
Mas as pernas não andavam

VII
Enquanto isso o magrelo
Travava luta feroz
Com um bicho esquisito
E eu cá – rogai por nos...
O bicho com sua bola
Em luta deita e rola
Sem que se ouça a voz

VIII
Fiquei tentando entender
Quem estava de que lado
Quem ali era demônio
Ou era representado
Se alguém era de Deus
E eu dentro do meu eu
Cada vez mais enrolado

VIX
De repente algo estranho
Aumentou minha aflição
O magrelo transformou-se
Abrindo grande clarão
E numa túnica vestido
Suave e decidido
No fogo tocou a mão

X
E do fogo se formou
Um bicho todo chifrudo
Avarento e comprido
Com um cetro bem pontudo
- Eu sou a luz das trevas
Eu assediei a Eva
E governarei o mundo

XI
- Anjo mal, impertinente
A inveja é fracasso
Se assombras escondido
Causando o embaraço
Volta para o inferno
Lá tu serás eterno
Enquanto o bem eu faço

XII
Senti uma coisa quente
Descendo pernas abaixo
Pois não é que me mijei
Já sem controle no caixo
Enquanto o pau comia
Eu travado em agonia
Mijava o meu capacho

XIII
Mas calmo e aliviado
Vi que era bem e mal
Jesus Cristo e o diabo
Em luta fenomenal
E tendo a luz sumido
O magrelo revivido
Voltou tudo ao normal

XIV
Meu cavalo acalmou-se
Seguimos viagem além
Acordei todo suado
Acho que ele também
Vendo o bem vencer o mal
Em vitória triunfal
Agora sei quem é quem

=Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes=

Brasil do “pobre Brasil”


Brasil do “pobre Brasil”

Entre tantos os brasis
Que compõem a nação
Tem um que não reconheço
Que me causa aflição
O Brasil dos miseráveis
De vidas irreparáveis
Que vivem de pé no chão

Sem teto e sem escola
Sem a mesa e sem o pão
Sem a roupa, com esmola
Sem carinho, sem ação
Sem a tal “Bolsa Miséria”
Sem um olhar para elas
Sem amor no coração

Do lixo que vem do luxo
É arrancado o sustento
Sua casa é o nada
Seu parceiro é o vento
Sua cama é a calçada
Coberto por papeladas
Morrendo noites a dentro

Brasil do bom carnaval
Do futebol e São João
Da festa de Parintins
De Barretos e o peão
Belas praias e turistas
Dos famosos e artistas
Faça isso comigo não

Tanta gente passa fome
E tanto político ladrão
Entre tantos os brasis
Meu orgulho é aflição
Pois sei, aquele menino
Catando lixo, franzino
É um dos nossos irmão

=Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes= 26/ 01/ 2013

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Seu Lunga em visita ao Inferno, Encontra o Lampião de porteiro

Mote: Seu Lunga em visita ao Inferno, Encontra o Lampião de porteiro
Glosas: Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes

Sexta-feira nervosa e o tempo
Por demais estava muito sombrio
Com sol muito quente fez até frio
Acompanhado pelo rei do vento
Seu Lunga em dormida desatento
Armou-se com a faca no terreiro
Como em um triunfo derradeiro
Em sonho, vestiu o seu melhor terno
Seu Lunga em visita ao Inferno
Encontra o Lampião de porteiro

- Se é de lá de baixo faz favô
De ir logo a mim arrespondeno
O que diabo é que tá fazeno
Nessas terra que num tem o Senhor
Onde besta fera você errô
Que me chega aqui sem candeeiro
Num escuro de dia derradeiro
Com cara de seca sem o inverno
Seu Lunga em visita ao Inferno
Encontra o Lampião de porteiro

- Não me venha com tanto desaforo
Seu magrelo da cara de lombriga
Sua mãe não lhe gerou na barriga
No mínimo és filho de encosto
A besta fera desenhou seu rosto
Para ele pendurar no chaveiro
E dizer que é cão muito moderno
Seu Lunga em visita ao Inferno
Encontra o Lampião de porteiro

- Não me venha com tal ignorância
Pro seu gosto eu sou o lampião
Cabra macho que rasgou o sertão
Deixando muito nego sem infância
No cabelo do cão eu já fiz trança
E já roubei galinha no poleiro
E pra matar cabra veio fuleiro
Só aumenta a lista no caderno
Seu Lunga em visita ao Inferno
Encontra o Lampião de porteiro

De repente Lunga acordou suado
Com um tremor e muita agonia
Ao padre Cícero ele pedia
Para ele ser seu advogado
Ao acordar jê estava suado
Como boi acuado em tabuleiro
E lampião montado, o vaqueiro
-Sou o rei Lampião o eviterno
Seu Lunga em visita ao Inferno
Encontra o Lampião de porteiro

=Geonaldes Elhemberg de Sousa Gom

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

NEM O SANTO EXPOSTO NA PAREDE, TEM AO SERTANEJO FORTE SALVADO

MOTE: NEM O SANTO EXPOSTO NA PAREDE, TEM AO SERTANEJO FORTE SALVADO
GLOSA: Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes

Mesmo tendo dois reis no meu sertão
É difícil viver sem a invernada
Nem a força do fole de Gonzaga
Tão pouco o xaxado de Lampião
Tem superado tamanha comoção
Que a seca no sertão tem estampado
Morre a cabra, o bode e o gado
São as vitimas da fome e da sede
NEM O SANTO EXPOSTO NA PAREDE
TEM AO FORTE SERTANEJO SALVADO

Nem as contas do rosário debulhadas
Tão pouco penitências em procissão
Carregando um "andor" em quatro mãos
Pedindo para ver a terra molhada
Nem a reza que é são e abençoada
Tem da terrível seca nos livrado
Bichos, plantas, tudo é devastado
Trocando a cor cinza pela verde
NEM O SANTO EXPOSTO NA PAREDE
TEM AO FORTE SERTANEJO SALVADO

As famosas esmolas do governo
Gerando uma nação de preguiça
Não oferecem o “BOLSA CARNIÇA”
Deixando todo o sertão a exmo
Num discurso que é sempre o mesmo
Sede e fome se quer são lembrados
Fica tudo no torno pendurado
Pondo o homem contra a parede
NEM O SANTO EXPOSTO NA PAREDE
TEM AO FORTE SERTANEJO SALVADO

A ausência do aboio do vaqueiro
A careta velha e em desuso pendurada
A sela sem arreios, já largada
Meu chapéu de couro estradeiro
E o sol quente o dia inteiro
O solo do barreiro já rachado
Retira o meu sono enfadado
E o som que ouço é o ringir da rede
NEM O SANTO EXPOSTO NA PAREDE
TEM AO FORTE SERTANEJO SALVADO

Somente a orquestra dos trovões
Com as nuvens estando carregadas
Desaguando e depois a terra arada
É reanimo a nossos corações
Com o verde que vem das plantações
De um suor que se tem derramado
Enquanto o governo tem faltado
Nossa fé ainda balança a rede
NEM O SANTO EXPOSTO NA PAREDE
TEM AO FORTE SERTANEJO SALVADO

=Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes= 12/ 01/ 2013

domingo, 13 de janeiro de 2013

"SOU MAIS UM POETA DO SERTÃO - POR ISSO DIGO QUE SOU TÃO FELIZ"

Do desafio "SOU POETA DO SERTÃO - POR ISSO SOU TÃO FELIZ", adaptação para estrofes de 10 versos com 10 silabas poéticas.
"SOU MAIS UM POETA DO SERTÃO - POR ISSO DIGO QUE SOU TÃO FELIZ"

Nas terras do senhor Joaquim Nabuco
Do Império, grande abolicionista
Contestando a família escravista
Seu povo e sua terra eram seu trunfo
Entre balas, carabinas e jagunços
Encontrei quem fez mais do que eu fiz
Pernambuco acompanha o país
E a Nabuco lhe rende gratidão
"SOU MAIS UM POETA DO SERTÃO
POR ISSO DIGO QUE SOU TÃO FELIZ"

Schenberg, maior físico do Brasil
Paulo Freire é o pai da educação
Chacrinha dominou a televisão
Na matemática Nachbin fez a fio
Na música Valença é o trio
João Cabral de Melo Neto diz
Nelson Rodrigues dramatiza a raiz
Abrindo para o show de Gonzagão
"SOU MAIS UM POETA DO SERTÃO
POR ISSO DIGO QUE SOU TÃO FELIZ"

Se seca e sertão são concomitantes
Ambas matam andando em paralelo
Lampião ao matar com o parabelo
Afirmava libertar almas errantes
Semianalfabeto não foi estudante
Seu estudo foi o que a vida quis
Para o mundo não baixou o nariz
E a Maria nunca teve a ingratidão
"SOU MAIS UM POETA DO SERTÃO
POR ISSO DIGO QUE SOU TÃO FELIZ"

Dos sertões Pernambuco tem Gonzaga
Sertanejo que riscou toda a nação
Tocando xote, xaxado e baião
Com a música construiu sua estrada
E o negro que não valeria nada
O mundo tornou-se seu aprendiz
Sem armas ou qualquer conspiração
Para o mundo deu grande lição
"SOU MAIS UM POETA DO SERTÃO
POR ISSO DIGO QUE SOU TÃO FELIZ"

Se o sertão hoje é visto como errante
Se deve às balas e aos seus coronéis
À políticos cabresteiros infiéis
Que dos votos são meros traficantes
Em eleições são apenas os mercantes
De eleitores vendidos e imbecis
Que vota e não sabe o que diz
Num martírio de pura ingratidão
"SOU MAIS UM POETA DO SERTÃO
POR ISSO DIGO QUE SOU TÃO FELIZ"

=Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes= 12/ 01/ 2013


Desafio "SOU POETA DO SERTÃO - POR ISSO SOU TÃO FELIZ"

Desafio "SOU POETA DO SERTÃO - POR ISSO SOU TÃO FELIZ"

Menestrel dos menestréis
Esteja onde estiver
Se acaso aqui vier
Nas terras dos coronéis
Terá guias em cordéis
De sertanejo feliz
Que ama o que tem e diz
Com honra e retidão
Sou poeta do sertão
Por isso sou tão feliz

Aqui no meu bom torrão
Mora a felicidade
Quem é de certa idade
Conhece bem esse chão
Sabe que a plantação
Com a seca não condiz
Se ela traz cicatriz
Corta o seu coração
Sou poeta do sertão
Por isso sou tão feliz

Sou da terra que o gesso
Da ao povo impulsão
Também sou um Lampião
De balas que sem zumbido
Deixa os outros caídos
Sem nenhum chamariz
Então sem o diz-que-diz
Com Fagner e Gonzagão
Sou poeta do sertão
Por isso sou tão feliz

Sou só mais um sertanejo
A aboiar na caatinga
Encaretar boi, beber pinga
Plantar é nosso desejo
Ao rezar peço e vejo
Que a seca não condiz
E pra querer o que quis
Não quero humilhação
Sou poeta do sertão
Por isso sou tão feliz

O Araripe e o Pajeú
E tem também o Salgueiro
Para um bom estradeiro
Também tem o Moxotó
Pernambuco é um só
É a história que diz
E dela sou aprendiz
Com a fé e a gratidão
Sou poeta do sertão
Por isso sou tão feliz

=GEonaldes Elhemberg de Souza Gomes=