segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Quando o amor vale a pena

Quando o amor vale a pena

Quando o amor vale a pena
Esse tem que conservar
Com carinhos e afagos
Ao dormir e no acordar
Um bom dia com um beijo
Que desperta o desejo
De voltar a se deitar

Agradar nunca é demais
Seja do jeito que for
Com um gesto delicado
Um abraço ou uma flor
O importante é cultivar
E sempre incentivar
O sentimento do amor

Com um dia de ausência
Já sentir grande saudade
De estar junto da pessoa
A quem jurou lealdade
É sinal que o amor
Que um dia lhe flechou
É a mais pura verdade

Estar em conexão
No querer e no pensar
Abrir mão alguma vez
Para o outro agradar
Seja qual for o momento
Se unir o sentimento
O amor perdurará.

Fabrício Leite

As peripécias do Minino Sambudo (II)

As peripécias do Minino Sambudo (II)

Feito um cachorro magro
Acuado pelos cantos
Descalço choramingando
Feito bebê no quebranto
Volta o menino sambudo
De lombriga, barrigudo
Teimoso mais de dez tantos

Cutucou Miguel Jacó
Com um prato de chorisso
Procurou para Nedilza
Como fazer um feitiço
Xingou Francisco Jacó
Em Petrônio deu um nó
Comeu o pão de Fabrício

Na casa pintou o sete
Cantou boi da cara preta
Chamou Fabiola Batista
Para bater em Pepeta
Amarrou um bacurim
Botou tomada em fuçim
Estava mesmo sem jeito

Cutucou Ceiça Jambinho
Para fazer um cordel
Fez despacho no banheiro
Se limpou sem ter papel
Ernildo lhe aconselhou
Maria Clara gritou
Atenda ao menestrel

Comeu feijão escoteiro
No caldo botou farinha
No último dia do mês
Comeu um pé de galinha
Vi isso quase tudo
Era o menino sambudo
Que brinquei e convivi

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Os cumedor de rapadura

Os cumedor de rapadura

Tenho sete mas são seis
Que se olhar sá da cinco
Desnutridos tenho quatro
Da grossura de um brinco
Com fome eu tenho três
Tem mais dois que eu não sei
Sobrando só um faminto

Na canto da rapadura
Come um e come sete
Quebrando-a em pedaços
Conosco ninguém se mete
Lhe dou um pedaço dela
Come com dente e banguela
E conosco ninguém mexe

Geonaldes Elehmberg de Sousa Gomes - 25/ 10/ 2012

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Isso só se encontra no meu sertão e meu sertão é assim que o defino

Isso só se encontra no meu sertão e meu sertão é assim que o defino

I
Mulher prenha com o bucho pela goela
E mais um eito de menino em seu pé
Uma ruma de quengas em um cabaré
Galinha para almoço a cabidela
Um tira gosto de pinga com seriguela
Missa meio dia badalando o sino
Uma mulher limpando merda de menino
E um moço prestando ajuda a um ancião
Isso só se encontra no meu sertão
E meu sertão é assim que o defino
II
Menina de saia curta que quer ser moça
Abandona o comprimento do vestido
Rapaz novo e muito mais pervertido
Prometendo todo amor só para ela
Enlouquece e delira ao beijo dela
E na pressão a pressão já vai subindo 
Se bulir tudo acaba em ambos rindo
Felicidade estonteia em clarão
Isso só se encontra no meu sertão
E meu sertão é assim que o defino
III
Um jumento pega com cia apertada
Um par de cassuás cheio de menino
Uma cachorra magra atrás latindo
Um preguiçoso deitado na latada
Almoço fraco em lata de goiabada
Uma enxada ao meio dia tinindo
Um velho já banguelo e só sorrindo
Uma gaiola de tala com um azulão
Isso só se encontra no meu sertão
E meu sertão é assim que o defino
IV
Tubo de zinco só para guardar feijão
Caixão de tábua repleto com a farinhada
Cuia de oito e um eito de galinhas
Galinha a cabidela ou no pirão
Um cego pedinte clama na procissão
Jipe velho entalado sem destino
Tem Peru no terreiro se enxerindo
Uma casa de taipa sem ventilação
Isso só se encontra no meu sertão
E meu sertão é assim que o defino
IV
Buscar água no açude com mais de légua
Fazer um beiju de forno em farinhada
Uma carga de lenha justa e amarrada
Cavalo com fome comendo berdoégua
Verão castigando, seco e sem dar trégua
Sangue de moça nova se esvaindo
Vagabundo roubando e as leis infringindo
Sem temer nada e sem Deus no coração
Isso só se encontra no meu sertão
E meu sertão é assim que o defino
VI
Carne de bode no espeto bem assada
Canjica e cuscuz com milho bem cosido
Caldo de cana na feira e bem servido
Mata a sede e cura a toda a ressaca
Agricultor brocando e queimando a mata
Na queima da broca bebendo e sorrindo
Na dismatação continua insistindo
Em busca de ter sua sustentação
Isso só se encontra no meu sertão
E meu sertão é assim que o defino
VII
Casa de taipa erguida de pau a pique
Cerca de faxina e cancela batida
Jegue com ancas e viagens repetidas
Buscando água em cacimba ou barreiro
Arapuca armada o dia inteiro
Água de pote em caneco de alumínio
Um velho triste, asqueroso e sovino
Insistindo em ser rico e patrão
Isso só se encontra no meu sertão
E meu sertão é assim que o defino
VIII
De palha tem cigarro e também chapéu
O melhor doce pode ser a rapadura
Quixaba presta estando bem madura
Menino empinando pipa rasga o céu
Violeiro na feira debulha o cordel
Meretriz sem nada na rua da amargura
Carne de porco conservada na gordura
Aqui se come torrada em meio ao pão
Isso só se encontra no meu sertão
E meu sertão é assim que o defino
IX
Riquinho merda que se diz ser coronel
Coronel a impor e ao pobre subordinar
Calça amarrada com embira de croá
Cigarro de fumo fechado no papel
Cantoria de poetas e o menestrel
Emboladores se pegam sem desatino
E um deles terá que ver tudo caindo
Um bêbado em busca de confusão
Isso só se encontra no meu sertão
E meu sertão é assim que o defino
X
Tomar um ponche de maracujá da serra
Dormir ao meio dia na moita de parreira
Comer canto de chinela ao subir ladeira
Animal com arado rasgando a terra
O bezerro desmamado gritando berra
Cedo o vaqueiro tira o leite no curral
Trajado com gibão, chapéu e peitoral
Enterro de pobre em rede sem caixão
Isso só se encontra no meu sertão
E meu sertão é assim que o defino
XI
Em uma calçada um velho fuma o cachimbo
Tem Baião de dois com pequi na chapada
Mulher catando piolho à unhada
Feijão de corda na panela de barro
Menino sujo com o nariz em catarro
Fumaça branca na chaminé subindo
Cabritas ao pai de chiqueiro servindo
Vigia noturno sem uma arma na mão
Isso só se encontra no meu sertão
E meu sertão é assim que o defino
XII
O pão doce servido com quebra-queixo
Enxada que serve até de campainha
Seriguela e imbu com cachacinha
Bicicleta sem guidom também sem o eixo
Forró de pé de serra e remelexo
Proprietário cobrando ao inquilino
Beata bajulando padre reza ao divino
Sabido engana com adivinhação
Isso só se encontra no meu sertão
E meu sertão é assim que o defino
XIII
Tem até aspirante a cordelista
Rabiscando poesia igual eu
Também tem poeta que é ateu
Que só crer no que estiver a sua vista
Esse nem pra Jesus abaixa a crista
Tem raiva de padre, igreja e sino
Para ele, ele traça o seu destino
E não pede que Deus lhe der a mão
Isso só se encontra no meu sertão
E meu sertão é assim que o defino

Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes - 18/ 10/ 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Cordel homenageia o centenário de Luiz Gonzaga

Menino Sambudo ou Velho Rabugento

QUADRA


Depois de tanto tempo

Com o menino calado

Encontram um certo velho

Avarento e desastrado

...

SEXTILHA

Se o menino corria

Se era sujo e cagado

O velho já é mais lento

De pé já fica curvado

Corcunda de olhar vesgo

Sempre anda encrencado



SEPTILHA

O sambudo maluvido

Treiteiro na agilidade

Dando nó em pigo de água

Dando olé até em padre

Olhar curto e remelento

Rápido igual jumento

Não dá pra ser comparado



QUADRÃO

Se o velho é avarento

Raivoso e desatento

Tratado como jumento

Tem fama de azarão

No fundo tem coração

Mesmo sendo um sovino

Passa fome em desatino

Menino, acho que não



Décima

Por isso afirmo aos amigos poetas

Que o Avarento não é o menino

Era um magricela e era franzino

Não tinha bordão, era sem aresta

Não deixava rastro nem marca na testa

Menina bonita ele passava a mão

Logo conquistava alma e coração

Subia de costas no topo da casa

Cortava parede e pisava em brasa

Rezava um terço de alma na mão



MARTELO (GALOPE)

Vou provar que o velho não é o menino

E mesmo que fosse não poderia ser

O velho não poderia sobreviver

Aqui no sertão ao badalo do sino

Não é bom cenário pra um velho sovino

Pois nesse torrão todo menino é rei

Sempre faz e fará, pois assim sempre fez

Ele é da capital, nisso eu combino

Discuto e teimo feito Zé Rufino

O menino é daqui e o velho é de lá



Resposta ao poeta Fabrício leite em formato diversificado. Decupem se os erros retirarem a qualidade dos versos.

Abraço para todos.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Nosso Amor

Nosso Amor

Não posso falar, mas não é segredo,
Amor como o nosso define o enredo,
Filme de duas vidas que começa cedo,
Livro bem escrito contado nos dedos,
Um amor assim não nos causa medo,
Por isso lhe afirmo que a amo tanto,
Duas vidas em uma reflete o encanto,
Quem olha de longe nos ver como manto,
Que cobre a alma aureola de santo,
Para os infiéis nos causamos espanto,
E por isso é que dizem que somos unidos,
Pois amor assim é para ser bem vivido,
Dois corpos, duas almas, num só reunido,
Gerando mais vidas por Deus definido,
Viver este amor está decidido.

Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes - 01/ 10/ 2012

Amigos poetas, este novo estilo está sendo lançado e precisa ser aperfeiçoado. Nele, contamos com 15 versos e seu conjunto de rimas se subdivide em três lotes de cinco com rimas seguidas. Voltarei a postar mais sobre e solicito vossas avaliações e posicionamento. Abraço.