quarta-feira, 26 de setembro de 2012

CORDEL

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Zé Rufino - O HOMEM QUE MATOU O CANGACEIRO "CORISCO" - Entrevista

        Zé Rufino em entrevista

       
O HOMEM QUE MATOU O CANGACEIRO "CORISCO"

Por Ruy Guerra*

Adendos de Ivanildo Silveira

O sol do meio-dia fazia da praça de Jeremoabo/BA um imenso deserto.
Lembro-me que tudo se passou naquele ano triste de 1962, ano da morte de Miguel Torres, no acidente desse mesmo jipe agora ali estacionado, coberto de poeira, junto da única loja aberta naquele vazio do mundo.

Só não me lembro como foi que o coronel Rufino surgiu, sentado no bar, esfíngico, vestido de uma camisa e calça caqui, sem atinar muito bem o que queríamos dele. Nós, igualmente calados, sem outro intuito que o de trocar umas palavras com o homem que matou Corisco.

Mas dali para a frente tudo ficou marcado em mim com uma nitidez que chega a assustar. Cada gesto, cada palavra, cada silêncio, foi ficando através do tempo mais depurado, mais definido, mais exato. Não há um detalhe, uma palavra, um sentimento, de que eu não tenha a serena convicção que foi assim, rigorosamente como tudo se passou.

Pedi um cerveja, que chegou morna.

O coronel Rufino, e não sei porque isso devia me surpreender, pediu um sorvete de morango. O Miguel Torres, por uma dessas maldades da memória, deixou de estar presente. Houve um silêncio largo, desses silêncios de quando estranhos se medem e se perguntam a si mesmos como começar essa aventura que é a de se conhecer.

Do coronel Rufino eu sabia tudo o que me parecia importante saber: que era o maior caçador de cangaceiros ainda vivo, que há muito estava aposentado, que era natural dali mesmo, daquele sertão. De nós, imagino, ele sabia apenas que fazíamos cinema e pensávamos filmar por aquelas bandas. E não parecia particularmente interessado em saber mais. Aceitava o encontro como a inevitável curiosidade que desperta quem traz a marca de ter matado o cangaceiro mais mítico de toda a história do cangaço.

Com movimentos pausados, de quem tem toda a velhice diante de si para gastar, ia sorvendo seu sorvete de morango.

O que mais me marcou naquele encontro, logo de saída, foi isso mesmo: o sorvete de morango. A cor desmaiada do sorvete barato, a colherzinha vagabunda na mão grossa, seca, veienta, com o dedo mindinho ridiculamente afastado dos outros dedos.

Por que um sorvete, e ainda mais de morango?
Por causa desse insólito sorvete me custou a lançar a conversa.
Comecei com perguntas banais das quais já conhecia as respostas, e que não justificam o desvio que havíamos feito por aquelas poeiras calorentas do sertão para aquele eventual encontro. Se ele, coronel Rufino, havia comandado muitas volantes atrás de cangaceiros. Se toda a sua vida se havia dedicado a essa caça, se havia perseguido Lampião. Se havia dado voz de sangrar a muito bandido.
A cada pergunta, Rufino ia monossilabicamente confirmando, pausado, aparentemente mais atento ao sorvete de morango que ao óbvio questionário.
- E Corisco? O senhor matou Corisco?

- Matei.

O Coronel Rufino não era um homem alto, nem tinha nada que à primeira vista pudesse impressionar alguém que não soubesse do seu passado. Nos seus, imagino, sessenta e tantos anos, não se sentia nele um grama de gordura. Tinha um rosto marcadamente nordestino, sem emoções visíveis, uns olhos fendidos preparados para os exageros da luz da caatinga e uma voz surpreendentemente jovem.
Parecia desinteressado, embora cortês. Senti que ele estava, não ansioso, mas determinado a terminar o encontro com o final do seu, para mim já irritante, sorvete de morango.

Foi essa certeza e o sentimento da idiotice das minhas perguntas que me fizeram perguntar de supetão gratuitamente:

- O senhor, coronel, torturou muita gente?

- O coronel Rufino parou de comer o seu sorvete, a mão pesada, suspensa no ar, a meio caminho.

Pela primeira vez senti que pensava rápido, embora o tempo durasse. Depois, delicadamente, pousou a colher. Até então ele nunca me havia encarado, e continuou assim.

Limitou-se a olhar a imensa praça vazia, assustadoramente amarelada pela crueza do sol.

- Seu João!

A voz continuava controlada, e embora o tom não tivesse aparentemente subido, atravessou a distância. Foi então que eu notei que um camponês desgarrado estava passando.

O homem entrou no bar. As alpercatas de couro sem ruído, o chapéu de palha agora respeitosamente na mão, um olhar rápido para os forasteiros.

- Sim, coronel? O coronel falou num tom macio, quase afetuoso.

- Seu João, o senhor me conhece há muito tempo, não é verdade?

- Conheço sim, coronel.

- Quem sou eu?
Uma leve estranheza na voz do camponês.

- O senhor?... O senhor é o coronel Rufino.

- Eu persegui muito cangaceiro, não persegui? - Perseguiu, coronel.

- Eu matei muito cangaceiro, não matei? - Matou, coronel.
A voz de Rufino continuou, inalterada.
- Eu torturei muito cangaceiro, não torturei? A voz do coronel Rufino parecia ainda mais mansa, mais paciente.

- Eu torturei muito cangaceiro, não torturei? Os olhos do camponês correram por nós, intrigados.

- Não, coronel... Não, senhor.

- Obrigado, seu João. Pode dispor!
Com um leve aceno de cabeça para todos o camponês afastou-se. O coronel Rufino esperou que o homem desaparecesse no sol da praça e só então me encarou, pela primeira vez.

Os olhos fendidos sem expressão, talvez por isso mais inquietantes, aprisionando os meus. A voz sempre igual, mas onde se podia sentir agora, nítida, uma intensa paixão.
- "Toda a minha vida eu persegui cangaceiro. Prendi muitos, também dei fuga a muito pobre-diabo que se meteu nessa vida por injustiça que sofreu. Mas matei muitos, muitos mesmo. De bala, de faca, de todo o jeito. Era a minha profissão".
Levantou a mão, espalmada, à altura do rosto. Essa mesma mão, que até então tinha servido para comer aquele irritante sorvete de morango. Foi uma pausa curta, mas guardo aqueles breves instantes como os de uma indefinível angústia.
- "Mas esta mão, esta mão que o senhor está vendo aqui, nunca tocou o rosto de um homem, fosse quem fosse, nem do pior bandido. Porque homem a gente mata, sangra..."
Passou a mão suavemente pela própria cara.
- Mas tocar o rosto de um homem, só sua mulher e o barbeiro têm o direito de tocar".
O coronel Rufino retomou a colher e continuou a comer o interminável sorvete de morango. Lembro-me de ter sentido um imenso alívio, como se tivesse vindo de muito longe. E tinha, como compreendi mais tarde.
Daí para diante não me lembro de mais nada. Não sei como nos separamos, se trocamos mais alguma palavra - o que duvido - além de alguma banal despedida. Mas ao longo dos anos comecei a relembrar e a contar, obsessivamente, este encontro. Não com o sentimento de ter escapado de algum perigo - embora ainda hoje não esteja muito certo disso -, mas com a desconfortável convicção de ter ido tão fundo naquele sertão para ingenuamente insultar um homem na sua hospitalidade, na sua memória, no seu mundo.
Texto publicado no jornal O Estado de S. Paulo, em 1993, e reproduzido do livro "20 Navios", de Ruy Guerra. Editora Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1996, prefácio de Chico Buarque, 228 páginas.
# RUY GUERRA: Cineasta, escritor, dramaturgo, compositor (parceiro de Chico Buarque, Edu Lobo, Francis Hime etc..), ator..etc..

ADENDOS IMPORTANTES:

*Corisco, morto em 25/05/1940, na fazenda Pulgas (Djalma Dutra - Hoje cidade de Miguel Calmon/BA).

*O famoso cangaceiro estava aleijado dos braços.

*Segundo a literatura cangaceirista, nessa ocasião, Corisco tinha numa mala, cerca de 300 contos de réis e dois quilos de Ouro.

*Após alguns dias do enterro de Corisco, foram retirados "o baraço direito e a cabeça", sendo levados para Salvador, onde permaneceram no Museu Estácio de Lima, em exposição, por mais de 30 anos, quando, finalmente, em meados do ano de 1969, foram enterrados no Cemitério Quinta dos Lázaros, na capital baiana.

* 20/02/1969 - Morre o Cel. Zé Rufino, vitimado por um infarto no miocárdio, insuficiência cardíaca congestiva.

*Devido a má conservação, a cabeça de Corisco entrou em processo químico de saponificação irredutível, adquirindo um aspecto Pavoroso:

*Em 1972, a ex cangaceira "Dadá", procedeu a exumação dos ossos de "Corisco", na cidade de Miguel Calmon/BA, levando-os para serem sepultados em jazigo da família, no cemitério Quinta dos lázaros/Salvador-BA, onde já se encontravam a cabeça e o braço do famoso cangaceiro.

Fonte: http://lampiaoaceso.blogspot.com.br

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Uma eleição diferente

Uma eleição diferente

Vou fazer uma eleição
Daquelas bem diferente
Para escolher do vereador
Indo até o presidente
Mas na minha eleição
Não poderá ter ladrão
Nem um ato inconsequênte

Só terá votos conscientes
Do tipo "bom eleitor"
Candidato só formado
No mínimo é professor
Se tiver a ficha suja
Ficará igual coruja
Não será nem para acessor

Será tudo sem dinheiro
Salário não existirá
O trabalho é voluntário
Só vai quem quer ajudar
Vai chover de candidato
Esse será o maior fato
Que o nosso povo terá

Sem acordos e propinas
Sem haver negociação
Se quebará as amarras
Que sufocam o sertão
E viva a liberdade
E viva minha cidade
Nesta nova eleição

Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes - 19/ 09/ 2012

Perdão

Quando tudo parece estar perdido

Sempre há que ser feita uma ressalva

Pois nem uma alma aqui se salva

Com pecados no corpo por inteiro

Se o amor for totalmente verdadeiro

Poderá se obter além da salvação

Pois o corpo na carne é podridão

Leva a alma a morrer no pecado

E o perdão nunca vem ajoelhado

Se não for acompanhado do perdão


Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes - 16/ 09/ 2012

Araripina

Araripina

Das belas princesas que o mundo tem
Me fascina a bela Araripina
Com jeito encantador de menina
Ser bonita é o que lhe convém
É a matriz condutora deste trem
Que compõe o vagão pernambucano
Ao nascer acabei me apaixonando
E nela fiz cravar minha raiz
Como chefe condutor sou meu juiz
Fico porque estou determinando

Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

VAQUEIRO NORDESTINO

Versos em hendecassílabos (11 silabas poéticas), conhecidos como versos de arte maior.

VAQUEIRO NORDESTINO

Num cavalo selado peito ao vento
Bem guardado envolto a armadura
Rasga a Mata ao som das ferraduras
Atrás do boi busca o seu sustento
Para ganhar sua vida e dos rebentos
O vaqueiro aboia forte e destemido
E sem temer a mata ou alarido
Seu prêmio é o boi preso às amarras
Feliz retornam os dois para casa
Com a certeza do dever cumprido

Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Mané Sabugo na mira de Lampião

Mané Sabugo na mira de Lampião


A noite muito escura,
Turva que era só breu.
Sob luz de tochas claras,
As escuras aconteceu.
Mané Sabugo olhava
O xaxado que dançava
Lampião e o bando seu

Virgulino Ferreira,
Dançava todo encantado.
Reverenciava Maria,
Ajoelhava-se curvado.
Bonita Maria bela,
Se rendia ao amor dela,
A rainha o tinha domado.

Ali o rei do cangaço,
Com súditos e sua rainha.
Festejavam suas vidas,
Dançavam, faziam rimas.
Num instalo ele sumiu,
Lampião não mais se viu,
Isso ao mane intriga.

Da moita a observar,
Zé Sabugo fica aflito.
Por pouco não intervém,
Todo o bando em gritos.
E um vento na orelha,
- Olha só que coisa feia!
Um espião, Zé cambito.

De parabelo na mão,
Com dois coiteiros de lado.
Escorou Mane Sabugo,
Com um punhal afiado.
- O que ta fazeno aqui?
Se veio me prissiguir,
Agora tu ta lascado.

- Num vim pra lhe prissiguir,
Só tava adimirano.
Oiano a sua dança,
E os cordel incantado.
O seu amor por Maria,
A dança e a fantasia,
No compasso do xaxado.

- Conversa cabra safdo,
Tu é homi dos macaco.
Tu futucô foi o cão,
Ta no osso sem capacho.
Tua morte já é certa,
Só uma coisa te resta,
Bandito amardiçoado.

- Tubiba, traga o cabra,
E vai ter qui mi prova!
O que vei faze aqui,
Pra mode mi vigia.
Avise logo a Corisco,
Que vai ter mais um no risco,
Pra mode ele matar.

- Seu capitão tenha carma,
Só vim no mato mijá.
Iscutei só o barui,
Por isso vim ispiá.
Se eu fosse ispião,
Já tinha dado de mão,
Pros macaco lhe pega.

- Intão tu tem uma chace,
Quem sabe pode iscapá!
Vou fazer umas pergunta,
E tu vai ter qui acerta.
Um erro é tua morte,
Pra mode tu se safa.

Levado ao meio do bando,
Por todos ficou cercado.
Mane sabugo tremia,
Rezava já assustado.
Lampião organizava,
Dava as ordens e ditava,
À Mane interpelado.

- Quem dá direção pro vento?
Porque a água é molhada?
Quem seduziu Adão,
Com fruta adocicada?
Se qué viver me responda,
Ou Corisco li estronda,
Filho de quenga safada.

- No vento quem manda é Deus,
O mermo qui moia a água.
Quem seduziu Adão foi,
A serpente invenenada,
O fruto foi a maçã,
Ao comer sumiu a lã,
E ele viu Eva sem nada.

- Quem faz a bala correr?
Porque a morte é certa?
Quando se acaba o mundo?
Que tempo ainda resta?
Vá logo me respondeno,
Que eu já to é veno,
Um tiro in tua testa.

A ispoleta e a poiva,
Fazen a bala andar,
A morte é o seu fruto,
E faz o mundo acabar.
Assim tempo um li resta,
E o tiro aqui na testa,
Vá tratano de evita.

Para se livrar da morte,
Me responda cafuringa.
Entra duro e sai mole,
E na saída ele pinga?
Se você falar errado,
Vai pro cão incumendado,
Você e sua catinga.

- Era só o qui fartava,
Pregunta de bobaião.
Pode ser duro trincano,
Forte que nem Lampião.
Bote na água frevente,
Fica mole e sai quente,
Pingano o macarrão.

Corisco recolheu a arma,
Lampião brindou à vida.
-Tudo na vida tem preço,
O preço é sem dispidida.
Terá qui siguir o bando,
Seu nome será tutano,
Sua vida ta dicidida.

Mane Sabugo falou,
- Lamento mais num vai dá.
Tenho 18 minino,
E muié pra mim criá.
Vô vortá pros meu bichim,
Mues 18 bacurim,
Qui istão a mi isperá.

Corisco mirou de novo,
Um tiro foi iscutado.
Na cama Mane acordou,
Suado e apavorado,
- Valei-me Sr. Jesus,
Livra-me desta cruz,
Perdoe os mus pecado.

E assim Mane Sabugo,
Se encontrou com Lampião.
Se meteu numa enrascada,
Que pensou estar com o cão.
Do sonho ele despertou,
Mulher e filhos avistou,
Sentiu maio emoção.

Geonaldes Elhembeg de Sousa Gomes – 14/ 09/ 2012

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Menino

Menino

Correndo e suado,
Com os pés grudado,
Lá vai o menino.
Descendo ou subindo,
Sambudo e rasgado,
Com um sonho de lado,
Para ser granfino.
Além, no horizonte,
Ele busca a fonte,
Vencer é seu lema,
Brincar é seu tema,
Sonhar no além,
Viver só do bem,
Sendo só menino.

Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes - 13/ 09/ 2012

Menino

Menino

Correndo e suado,
Com os pés grudado,
Lá vai o menino.
Descendo ou subindo,
Sambudo e rasgado,
Com um sonho de lado,
Para ser granfino.
Além, no horizonte,
Ele busca a fonte,
Vencer é seu lema,
Brincar é seu tema,
Sonhar no além,
Viver só do bem,
Sendo só menino.

Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes - 13/ 09/ 2012

Minino sambudo

Minino sambudo

O bicho de pé coçano,
O suvaco a feder.
Um pá de oi remelano,
Pescoço sujo de ver.
Quem num foi minino assm,
Ou tá mintino pra mim,
Ô tá quereno esconder.

Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes - 13/ 09/ 2012

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A Região Nordeste do Brasil

A Região Nordeste é uma região do Brasil com 1.558.196 km² de área e 51.609.027 habitantes. A Região Nordeste é curiosamente um pouco maior que o estado do Amazonas, com 1.558.196 km², contra 1.570.745,680 km² do estado do Amazonas e é a terceira região em área. A região possui 30.998.109 eleitores (IBGE/2002), o segundo maior colégio eleitoral do país, perdendo apenas para o Sudeste.

É a região brasileira que possui a maior quantidade de estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco (incluindo o Distrito Estadual de Fernando de Noronha), Rio Grande do Norte e Sergipe.

Algumas curiosidades
Dicionário nordestino
Dialeto nordestinês


História

O Nordeste foi primordialmente habitado pelos homens da Pré-História, posteriormente pelos índios, que antes da colonização, realizavam trocas comerciais com europeus, na forma de extração do pau-brasil em troca de outros ítens. Mas foi durante o período de colonização que eles foram sendo incorporados ao domínio europeu ou eliminados, devido as constantes "batalhas" contra os senhores de engenhos.

A região foi o palco do descobrimento durante o século XVI. Portugueses chegaram em uma expedição no dia 22 de abril de 1500, liderados por Pedro Álvares Cabral, na atual cidade de Porto Seguro, no estado da Bahia.

Foi no litoral nordestino que se deu início a primeira atividade econômica do país, a extração do pau-brasil. Países como a França, que não concordavam com o Tratado de Tordesilhas, realizavam constantes ataques ao litoral com o objetivo de contrabandear madeira para a Europa.

Entre 1630 e 1654, a região foi dominada por neerlandeses e foi uma colônia da República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos (Holanda contemporânea), sendo chamada de Nova Holanda.

Durante o período colonial, no século XVI, a resistência quilombola se iniciou no Brasil, com a fuga de escravos para o Quilombo dos Palmares, na região da Serra da Barriga, atual território de Alagoas, nos vários mocambos palmarinos chegaram a reunir-se mais de 20 mil pessoas. Mas somente em 1694 é que o Macaco, "capital" de Palmares, foi finalmente tomado e destruído, depois de intensa perseguição, Zumbi dos Palmares foi finalmente capturado e teve sua cabeça degolada e exposta em praça pública em Recife.

A cidade de Salvador foi a primeira sede do governo-geral no Brasil, pois estava, estrategicamente, localizada em um ponto médio do litoral. O governo-geral foi uma tentativa de centralização do poder para auxiliar as capitanias, que estavam passando por um momento de crise. A atividade açucareira é até hoje a principal atividade agrícola da região.

Saiba mais sobre
História do Cordel
Folclore Brasileiro
Festas Juninas
Simpatias Juninas
As 7 Maravilhas da Paraíba
Nomes próprios curiosos e bizarros
Nova ortografia da Língua Portuguesa
Cantigas de Ninar
Cantigas de Roda
Seu Lunga
Bandas de Pífanos

Migração nordestina

Devido à enorme desigualdade de renda, à grande concentração fundiária e ao problema da seca no Sertão Nordestino (agravado pela chamada "indústria da seca", que beneficia políticos e latifundiários em detrimento das massas), o Nordeste foi durante muito tempo e especialmente na segunda metade do século XX uma região de forte repulsão populacional. Devido à grande oferta de empregos em outras regiões do Brasil, principalmente nas décadas de 60, 70 e 80, a migração nordestina tem sido destaque na dinâmica populacional brasileira, em especial na Sudeste.

Na década de 1990, entretanto, devido às crises econômicas e à saturação dos mercados de várias grandes cidades, a oferta de empregos diminuiu, a qualidade da educação piorou e a renda continuou mal distribuída, fazendo com que a maioria dos nordestinos que haviam migrado, fugindo da miséria, e seus descendentes continuassem com estrutura de vida precária. Por causa da visão espelhada nas décadas anteriores, o falso ideal imaginário que se formou em relação à região Sudeste é da promessa de uma qualidade de vida melhor, de fácil oportunidade de emprego, salários mais altos, entre outros; iludido por esse sonho, quando um nordestino migra para o Sudeste em busca de uma melhoria na qualidade de vida, normalmente acaba encontrando o contrário, além de sofrer, não raro, preconceito social no dia-a-dia.

Nos últimos anos, o movimento tradicional de emigração tem reduzido ou até invertido na Região Nordeste. Segundo o estudo "Nova geoeconomia do emprego no Brasil", da Universidade de Campinas (Unicamp), os estados do Ceará, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte receberam mais migrantes entre 1999 e 2004 do que enviaram para outras regiões. O estado da Paraíba, segundo a mesma pesquisa, foi o exemplo mais radical da transformação por que tem passado os padrões migratórios na região: inverteu o padrão migratório do saldo negativo de 61 mil pessoas para o saldo positivo de 45 mil.

Em todos os outros Estados que continuam a contar com um saldo migratório negativo, o número de migrantes diminuiu sensivelmente no mesmo período analisado: no Maranhão, diminuiu de 173 mil para 77 mil; em Pernambuco, de 115 mil para 24 mil; e na Bahia, de 267 mil para 84 mil. Os estudiosos, em geral, concordam que os movimentos migratórios continuam intensos, sendo que não mais se dirigem quase que exclusivamente à Região Sudeste, mas sim se concentram em direção às metrópoles nacionais nordestinas, como Fortaleza, Salvador e Recife.

Relevo

Uma das características importantes do relevo nordestino é a existência de dois antigos e extensos planaltos, o Borborema e a Bacia do Rio Parnaíba e de algumas áreas altas e planas que formam as chamadas chapadas, como a Diamantina e a Araripe. Entre essas regiões ficam algumas depressões, nas quais está localizado o sertão, que é uma região de clima semi-árido.

Segundo o professor Jurandyr Ross, que com sua equipe compilou informações do Projeto Radam (Radar da Amazônia) e mostrou uma divisão do relevo brasileiro mais rica e subdivida em 28 unidades, no Nordeste ficam localizados os já citados Planalto da Borborema e Planaltos e Chapadas da Bacia do Rio Parnaíba, a Depressão Sertaneja e do São Francisco e parte dos Planaltos e Serras do Atlântico-Leste-Sudeste, além das Planícies e Tabuleiros Litorâneos.

Clima

A região Nordeste do Brasil, apresenta temperaturas elevadas cuja média anual varia de 20° a 28°C. Nas áreas situadas acima de 200 metros e no litoral oriental as temperaturas variam de 24° a 26°C. As médias anuais inferiores a 20°C encontram-se nas áreas mais elevadas da Chapada Diamantina e do Planalto da Borborema. O índice de precipitação anual varia de 300 a 2.000 mm. Três dos quatro tipos de climas que existem no Brasil estão presentes no Nordeste, são eles:

* Clima Equatorial Úmido: presente em uma pequena parte do estado do Maranhão, na divisa com o Pará;
* Clima Litorâneo Úmido: presente do litoral da Bahia ao do Rio Grande do Norte;
* Clima Tropical: presente nos estados da Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí;
* Clima Tropical Semi-árido: presente em todo o sertão nordestino.

Vegetação

A vegetação nordestina é bastante rica e diversificada, vai desde a Mata Atlântica no litoral à Mata dos Cocais no Meio-Norte, ecossistemas como os manguezais, a caatinga, o cerrado, as restingas, dentre outros, possuem fauna e flora exuberantes, diversas espécies endêmicas, uma boa parte da vida no planeta e animais ameaçados de extinção.

* Mata Atlântica: também chamada de Floresta tropical úmida de encosta, a mata atlântica estendia-se originalmente do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, em consequência dos desmatamentos, que ocorreram em função, principalmente, da indústria açúcareira, hoje só resta cerca de 5% da vegetação original, dispersas em "ilhas". Foi na mata atlântica nordestina que começou o processo de extração do pau-brasil.

* Mata dos Cocais: formação vegetal de transição entre os climas semi-árido, equatorial e tropical. As espécies principais são o babaçu e a carnaúba, os estados abrangidos por esse tipo de vegetação são o Maranhão, o Piauí, o Rio Grande do Norte, parte do Ceará e o Tocantins na Região Norte. Representa menos de 3% da área do Brasil.

* Cerrado: ocupa 25% do território brasileiro, mas no Nordeste só abrange o sul do estado do Maranhão e o oeste da Bahia. Apresenta árvores de baixo porte, com galhos retorcidos, no chão é coberto por gramíneas e apresenta um solo de alta acidez.

* Caatinga: vegetação típica do sertão, suas principais espécies são o pereiro, a aroeira, o aveloz e as cactáceas. É uma formação de vegetais xerófitos (vegetais de regiões secas), mas é muito rica ecologicamente.

* Vegetação Litorânea e Matas Ciliares: por último, mas não menos importante. Na categoria de vegetação litorânea podemos incluir os mangues, que é um riquíssimo ecossistema, local de moradia e reprodução dos caranguejos e importante para a preservação de rios, lagoas; também podemos incluir as restingas e as dunas que são cenários bem conhecidos do Nordeste; Já as matas ciliares ou matas-galerias são comuns em regiões de cerrados, mas também podem ser vistas na Zona da Mata, são pequenas florestas que acompanham as margens dos rios, onde existe maior concetração de materiais orgânicos no solo, funcionam como uma proteção para os rios e mares.

Hidrografia

O Nordeste possui importantes bacias hidrográficas, dentre as quais podemos destacar:

* Bacia do São Francisco: é a principal da região, formada pelos Rios São Francisco e seus afluentes. São praticadas atividades de pesca, navegação e produção de energia elétrica pelas hidrelétricas de Três Marias, Sobradinho, Paulo Afonso e Xingó, delimita as divisas naturais de Bahia com Pernambuco e também de Sergipe e Alagoas, que é onde está localizada sua foz.

* Bacia do Parnaíba: é a segunda mais importante, ocupando uma área de cerca de 344.112 km² (3,9% do território nacional) e drena quase todo o estado do Piauí, parte do Maranhão e Ceará. O Rio Parnaíba é um dos poucos no mundo a possuir um delta em mar aberto, com uma área de manguezal de, aproximadamente, 2.700 km².

* Bacia do Atlântico Nordeste Oriental: ocupa uma área de 287.384 km², que abrange os estados do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas. Os rios principais são o Rio Jaguaribe, Rio Piranhas-Açú, Rio Capibaribe, Rio Acaraú, Rio Curimataú, Rio Mundaú, Rio Paraíba e Rio Una.

* Bacia do Atlântico Nordeste Ocidental: situada entre o Nordeste e a Região Norte, fica localizada, quase que em sua totalidade, no estado do Maranhão. Algumas de suas sub-bacias constituem ricos ecossistemas, como manguezais, babaçuais, várzeas, etc.

* Bacia do Atlântico Leste: compreende uma área de 364.677 km², dividida entre 2 estados do Nordeste (Bahia e Sergipe) e dois do Sudeste (Minas Gerais e Espírito Santo). Na bacia, a pesca é utilizada como atividade de subsistência.

Geografia

A área do Nordeste brasileiro é de aproximadamente 1.558.196 km², equivalente a 18% do território nacional e é a região que possui a maior costa litorânea. Um fato interessante é que a região possui os estados com a maior e a menor costa litorânea, respectivamente Bahia, com 932 km de litoral e Piauí, com 60 km de litoral. A região toda possui 3.338 km de praias.

Está situado entre os paralelos de 01° 02' 30" de latitude norte e 18° 20' 07" de latitude sul e entre os meridianos de 34° 47' 30" e 48° 45' 24" a oeste do meridiano de Greenwich. Limita-se a norte e a leste com o Oceano Atlântico; ao sul com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo e a oeste com os estados do Pará, Tocantins e Goiás.

Veja Também:
- Cultura e Festividades;
- Economia, Agricultura, Pecuária e Indústria;
- Zonas Geográficas e Demografia;
- Grupos Étnicos e Distribuição Populacional;
- Indústria Petrolífera, Ciência e Tecnologia, Turismo, Transportes;
- Produto Interno Bruto e Desenvolvimento Humano.

84º Aniversário de Araripina

Singela homenagem de um aspirante cordelista à sua linda cidade.



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Resposta ao belo cordel de Geonaldes Elhemberg - Por Fabrício Leite

Resposta ao belo cordel de Geonaldes Elhemberg

Nem todo homem é macho

Mas o homem que é macho,
Esse é doido por mulher.
E a mulher que é fêmea,
Sabe bem o que ela quer.
E menino que tem bola
Não pisa nem na escola,
Só sonha em ser Pelé,

Tem panela que é furada,
Foi de tanto cozinhar.
E baladeira ressecada,
Parada, sem atirar.
E fogão que tá parado,
Boca e forno enferrujado.
Mesmo assim vão se casar.

Coisa boa com defeito,
Isso é verdade que tem,
Mas coisa muito pior,
É fazer mal ao invés do bem.
Mas quer vê um funaré,
Dê nó em pó de café,
E a roupa ande sem.

Fazer um texto numérico,
Ficaria sem sentido,
Ter saudade na presença,
Sempre ser correspondido.
Fazer festa no adeus,
Nem abraço e beijo deu.
Era um querer não querido.

Fabrício Leite

Nem todo homem é macho

Nem todo homem é macho

Nem todo homem é macho
E nem toda mulher é fêmea
Menino tem que ter bola
Peteca tem que ter pena
Nem todo doido é maluco
Nem todo jogo é truco
Nem toda alma é gêmea

Toda panela tem texto,
Baladeira tem borná.
O fogão tem que ter boca,
Pro guisado cozinhar.
Toda porta tem sua tranca,
Nem todo jogo é de anca,
Nem todo namoro é casar.

Nem todo bom é perfeito,
Nem todo ruim é insano.
Nem todo inferno tem cão,
Nem todo cão é bichano.
Todo café tem o pó,
Nem toda corda tem nó,
Nem toda roupa é de pano.

Nem todo texto é de letras,
Nem todo amor é vivido.
Toda saudade é ausência,
De amor não correspondido.
Todo retorno tem festa,
Abraços, beijos na testa,
Todo querer é querido.

Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes - 10/ 09/ 2012

sábado, 8 de setembro de 2012

Favela, Cansanção, Ortiga e Mandacaru para Neco de dona Zefinha

Favela, Cansanção, Ortiga e Mandacaru para Neco de dona Zefinha

I
Não quero contar vantagem,
Acho isso uma desfeita.
Tem cabra que não se apruma,
Que nem no pau se ajeita.
Conheci um cabra assim,
Ajeitei ele todim,
Ficou uma coisa perfeita.

II
O causo se sucedeu,
No sertão pernambucano.
Neco de dona Zefinha,
É de quem estou falando,
Vagabundo e ladrão.
Em tudo passava a mão,
Ligeiro que nem cigano.

III
O cabra era arengueiro,
Bom de acabar forró.
Pegava um pingo d água,
Amarrava em 8 nós.
Botava briga de vizinho,
Fazia tudo sozinho,
Era entojo de dar dó.

IV
Um dia o égua sismou,
Mexeu no que não devia.
Entrou lá na minha roça,
Me roubou 7 forquilhas.
E eu cheguei bem na hora,
Travei o cabra na espora,
E o danado amarrei.

V
Amarrei o filho da égua,
Num pé de mandacaru.
Quanto mais ele mexia,
Mais engrossava o angu.
- Não me mate - Ele dizia,
Dava dó da agonia,
Então passei o bizu.

VI
- Eu não vou lhe matar,
Mais vou dar-lhe uma lição.
Lembrarás de mim pra sempre,
Sempre que pisar no chão.
E o arrependimento,
Será o seu sentimento,
Doravante meu irmão.

VII
Cortei galhos de favela,
Ortiga e cansanção.
Juntei tudo em um molho,
Como se faz varrição.
Alem do mandacaru,
Varri o cabra já nu,
E era aquela pulação.

VIII
- Valei-me Nossa Senhora,
Me acuda meu Jesus.
- Me livre desta agonia,
Eu prefiro tua cruz!
- Sou puro arrependimento,
Te juro que tomo tento,
Me conceda tua luz.

IX
Passei o ramo no cabra,
Esfreguei de cima a baixo.
Ele todo se ardendo,
Sem poder coçar no saco.
A coceira e os espinhos,
O cabra ficou mofino,
Acabou-se o tal do macho.

X
Cortei então as amarras,
Disse, banhe e vá embora.
Se desta não virar homem,
O inferno é tua escola.
Serás aluno do cão,
Viverás de confusão,
Até que te derem cabo.

XI
Estando agora vestido,
Todo corpo em coceira.
Sem titubear falou,
A voz cortando e rasteira.
-Agora vi a verdade,
revelo sem vaidade,
Tudo que fiz foi besteira.

XII
-Que ser visto como homem,
O respeito é minha meta.
Meu caminho será certo,
Linheiro como uma reta.
Minha guia será Deus,
Servirei aos filhos seus,
Evitarei o que não presta.

XIII
Foi assim que sucedeu,
O fato aqui contado.
Neco de dona Zefinha,
Saiu daqui já curado.
Se tornou até beato,
Quem quer constatar o fato,
Passe nesta freguesia.

XIV
O remédio ainda tenho,
Pra ajeitar cabra safado.
O mandacaru de pé,
A favela está de lado.
A ortiga e a cansanção,
Num estalo tá na mão,
Isto é fato consumado.

Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes - 08/ 09/ 2012

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

VENHA PARA ARARIPINA

VENHA PARA ARARIPINA

Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes

São dez aqui no sertão,
Mas uma delas é mais.
Tem gesso, mel de abelha,
Criação de animais.
Caprinovinocultura,
Também a mandiocultura,
Que forte assim nos faz.

Venha visitar a princesa,
Pujante com suas minas.
Fósseis da pré-história,
Que aos olhos fascinam.
A Chapada do Araripe,
Descreve tudo que disse,
Coisas belas, coisa linda.

A extração de gipsita,
Gesso, manufaturados.
É o nosso Ouro Branco,
Que tem nos destacado.
O Brasil compra aqui,
E tudo que produzir,
Aqui também é exportado.

O mel daqui é mais doce,
É o recorde nacional.
Temos a maior produção,
Florada fenomenal.
Mel puro reconhecido,
O povo é mais querido,
A cidade é mais amada.

Na caprinovinocultura,
Lagoa do Barro avança.
A raça é prioridade,
É positiva a mudança.
É a carde de carneiro,
Em meio ao seu celeiro,
Conquistando confiança.

Mandioca, farinha, goma,
Ou polvilho, como queira.
Aqui também é destaque,
Das fábricas até a feira,
Do Brasil tá nos mercados,
Em grosso e atacado,
A arte das raspadeiras.

No turismo religioso,
A tradição está de pé.
Reza ao Senhor da Verônica,
Em peregrinação a pé.
O santuário lotado,
Quando o tríduo é rezado,
Milagres, fiéis e fé.

O São João de Araripina,
Do sertão é o maior,
Turistas de todo lado,
Tudo numa festa só.
A tradição nordestina,
É maior em Araripina,
Aqui mora o forró.

Na poeira do São João,
Começa a vaquejada.
Cavalo, vaqueiro e boi,
Tá na faixa pontuada.
Tem muita gente bonita,
Quem nossa terra visita,
Não troca ela por nada.

Os festejos dos distritos,
É pura animação.
São João de Lagoa do Barro,
Origem da tradição.
Em Nascente e Gergelim,
Em Morais e Bom Jardim,
Fé e forro de cabo a rabo.

O que falo é o que sinto,
O que sinto é amor,
Amo minha cidade,
E é ela que declamo,
Ela é o que eu sou,
Sou louco por ela e vou,
Continuar lhe amando.