quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O Cordel Esquecido num País sem Memória.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

"BIDOCA NO FORRÓ DE ZÉ DE BELO"

"BIDOCA NO FORRÓ DE ZÉ DE BELO"
Mote e Glosa: Geonaldes Elhemberg

Sirmei de ir um forró
Já pronto pra confusão
Me armei cum 2 pexera
Bacamarte e facão
Duas foice e martelo
Botei mais um parabelo
Baladeira e os torrão

O funaré tava a toda
Na casa de Zé de Belo
Na entrada eu apreguei
A porta cum meu martelo
Pra render a confusão
Sarrabuiei pelo chão
Uns tiro de parabelo

Risquei as duas pexera
Que o fogo curria atras
- Ele tá cum o cão nos côro!
Chame logo o capataz
Dei de conta do facão
Passano de mão em mão
- Quero ver quem pode mais?

Dum tiro de baladera
Acertei o candeeiro
Derrubei 20 galinha
Que tava no galiêro
E pra completar a arte
Puxei o meu bacamarte
E meti fogo no terrêro

Até aí tava bom
Eu dominava a festa
Era muié se escondeno
Macho franzino a testa
Mais um tal de Zé Tintino
Cruzou o meu destino
E vinha cum a mulesta

Sartou de lá para cá
Cum um ispeto na mão
- Intão você é Bidoca
O fio do cremunhão!
Pois você achô a tampa
Vô acabar sua panca
E me pedirá perdão

Mití fogo na misera
E nem um tiro acertava
Joguei as panela tudo
E ele se desviava
Parti para o parabelo
Quando vi um chinelo
Que ele me atirava

Pegou no pé do ouvido
Intão disiquilibrei
Sinti pelo ispinhaço
Um assoite bem no mei
Era o diabo do ispeto
Qui dexô um vinco preto
E na hora me caguei

A dor foi tão grande
Que me deu um apagão
E quando eu acordei
Tava amarrada as mão
A festa tava rolano
Eles bebeno e dança
E eu jogado no chão

Zé Tintino do meu lado
- Vai durmi fio da égua!
Tua sorte é muito grande
Que hoje eu deu a trégua
Hoje por ser feriado
Não posso fazer finado
Intão siga minha régua

E o dia amaiceu
Cum balde dágua acordei
- Me perdoe Zé Tintino
Eu já sei qui eu errei
Perdão pro dono da casa
Nunca mais levanto aza
Juro que num faço fei

Dispois qui cortaro a corda
No mei do mundo eu sumi
Tirei de lá a lição
E disso me cunvenci
Qui é mió tá calado
Im seu canto sussegado
Que vivê o qui viví

Até hoje me alembro
De Zé Tintino gritano
Se suma fio da égua!
Vai passano, vai passano!
Se você quizé morrê
Basta eu incrontá você
Daqui pro resto dos ano

Janeiro de 2014