quinta-feira, 31 de maio de 2012

O CASAMENTO DE ZÉ FIAPO E MARIA ORORA

O CASAMENTO DE ZÉ FIAPO E MARIA ORORA
I
Se tiver por esse mundo
Cabra que nem Zé Fiapo
É favor me avisar
Que procuro e não acho
O bicho é atrevido
Nunca vi tão maluvido
É macaúba sem cacho

II
Zé Fiapo numa festa
Chutou o pau da barraca
Gerou uma confusão
Derramou toda a cachaça
Provocou um reboliço
Conheceu um estrupício
E casou cheio de manguaça

III
Puxou a faca peixeira
Exigiu lá um vigário
Pediu a conta da festa
Levantou um inventário
Mandou o dono pagar
Você quer me enganar
Que o preço ficou caro

IV
Quando o padre chegou
Atendeu a obrigação
Casou o casal casando
Sem fazer contestação
-Te ocupa Zé Fiapo
Que outro jeito não acho
Para acabar confusão

V
Então quando disse amém
Anunciou a festança
Ordenou ao sanfoneiro
Recomeçar a tocança
Continuou o forró
Bebendo e dando nó
Com a sua ignorância

VI
Quando era madrugada
Que o povo foi embora
Zé Fiapo deu de garra
De dona Maria Orora
Que tinha os beiço grosso
Era o coro e o osso
E caiu de festa a fora

VII
Chegando numa palhoça
Na beira de um açude
Na hora de se banhar
De tirar todo o grude
Dona Maria se esquivou
-Vá que depois eu vou
Em suspeita atitude

VIII
Aquilo pra Zé fiapo
Feriu como um punhal
-Agora nos somos um
Tem que ter calamengau
Tá tudo sacramentado
Se nos estamos casados
Os direitos são igual

IX
Tava feita a confusão
Com ele na insistência
Quando passava a mão
-Deixa de mal querência
Que nos estamos cansados
E apesar de casados
Não abale a convivência

X
-Agora foi que lascou
Comprei e não vou levar
Enchi e tá tudo seco
Plantei e tem que arrancar
Se lave logo e venha
Que no fogo vai ter lenha
Hoje tem que cozinhar

XI
Ela partiu pro barreiro
Ele ficou escondido
Quando ela mergulhou
Ele saltou atrevido
Agarrou e passou a mão
Abriu outra confusão
-Isso não é concebido!

XII
Nas partes interessantes
Tinha coisa diferente
Podia ser da ossada
Um objeto, um pente
Coitado de Zé Fiapo
Quando agarrou o cacho
Gritou trancando os dentes

XIII
O que diabo é isso?
Será que fui enganado?
Mulher que não é mulher
Com um cacho pendurado
Assim não tem condição
Antes da deitação
Está tudo acabado

XIV
Então a Maria falou
-O valente ficou fraco
Perdeu toda sua força
Já não grita, eu sou macho!
Ainda hoje é casado
Também não é separado
Virou fogo de dois fachos

XV
Abra o olho camarada
Não casse mais confusão
Dê logo uma corrigida
Procure passar a mão
Conheça bem direitinho
Faça logo um carinho
Pra tomar a decisão

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Fenomenal exposição fotográfica realizada pelo CERu. Relíquias contam parte da história de Araripina, que foi aberta somente para os alunos e numa segunda etapa será aberta à população para que conheça melhor a sua cidade. Parabéns aos alunos CERu e a professora Cleivan.


FOTO 01

FOTO 02
FOTO 03
 FOTO 04
 FOTO 05


TRINDADE FILMA OS BALBINOS COM ATOR GLOBAL

quinta-feira, 17 de maio de 2012


O sábio e o Tolo
Geonaldes E. de S. Gomes (Pepeta)
Não gosto e não curto
Mas contra não posso ser
Quem gosta sempre elogia
Afirma melhor não ter
Prefiro não preferir
Para o gosto não perder

O sábio olha, escuta
Faz a sua avaliação
Não entra de calças curtas
Onde dar alagação
Ao ver alguém fracassar
Impões sua afirmação

O tolo é pré-maturo
Anda sempre em orbita
Fuça e remexe o chão
Tem o espirito de porca
Se afira ser de fibra
E na primeira entorta

Então está decidido
Quem quiser que se afunde
Encha a cabeça de merda
Neste riacho se inunde
Se mate, se morra, se ferre
Mais um louco se sucumbi

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Nordestino SIM! Nordestino Não! - Patativa do Assaré


Três que se somam em um
Geonaldes Ellhemberg de Sousa Gomes (Pepeta)


Me preocupa a prisão
Se não for no peito dela
Esta é minha Cinderela
Que darei o meu afeto
Não amarei por decreto
Estando juntinho a ela

No peito farei morada
Apronto na retidão
Nunca direi um não
A esta linda donzela
Farei só os gostos dela
Em nome da união

Quanto ao nosso rebento
De nosso amor é raiz
E agora disse o que quiz
Ghabriel é o filho dela
E juntando eu e ela
Farei mais de que já fiz

Clécia e Geonaldes 
Três que se somam em um
Como a fé é o jejum
O feijão e a panela
O amor meu e o dela
Não é um amor comum

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O ENCONTRO DE LUIZ GONZAGA COM LAMPIÃO E O CAPÊTA

O ENCONTRO DE LUIZ GONZAGA COM LAMPIÃO E O CAPÊTA
Geonaldes E. de S. Gomes (Pepeta)
I
No ano de 89
Quando Gonzagão morreu
Subindo à mansão celeste
Um encontro aconteceu
Pois não é que Lampião
Quis armar uma confusão
E eis que o Senhor desceu

II
Indo Gonzaga ao céu
Passou na porta do inferno
Quando avistou um vulto
Era um jagunço de terno
Disse: pêra Gonzagão
Você não me diga não
Sou Lampião, o eterno

III
Gonzaga lhe respondeu
Você está enganado
Padim Ciço e o Senhor
São meus dois advogados
Não gosto de confusão
Se agarre aí com o cão
Que sou puro sem pecado

IV
Lampião cismou e disse
Me escute sanfoneiro
Você vai tocar pra mim
E para o inferno inteiro
O cão vai tocar zabumba
Hoje o inferno afunda
Toco triângulo e pandeiro

V
A pesar de minha ruindade
Na terra fiz uma promessa
A data já se cumpriu
Está escrito na testa
Que o senhor ia subir
Que passava por aqui
E que aqui tinha festa

VI
O dia é dois de agosto
Oitenta e nove o ano
Você já está morto
Por aqui já vai passando
Então trate de tocar
Pra eu e Maria dançar
Vá meu sonho realizando

VII
Gonzaga titubeou
Ficou um pouco assustado
Clamou por Nosso Senhor
Com Padim Ciço do lado
Perguntou o que eu faço
Com o diabo desse cangaço
O circo está armado

VIII
E começou juntar cão
Um eito de alma penada
Fizeram logo um piquete
Interromperam a estrada
O cão tomou a frente, - pare!,
Tocadozinho, esbarre!
Que você não é de nada.

IX
Do alto uma voz macia
Branda e educada
Retrucou repreendendo
Mas que bagunça danada
Porque não subiu ao céu
O sanfoneiro não é réu
E sua hora está marcada
X
Se querem ter um forró
Basta se arrepender
Que hoje Luiz vai tocar
Para o céu todo mexer
Por isso abram caminho
Luiz não está sozinho
Vim aqui lhe defender

XI
Então o cão disse – Luiz,
Tu vai pro lugar errado
Olha o tanto te esperando
Pra dançar forró, xaxado
Puxe logo o acordeão
Pro céu diga logo não
E vamos botar pegado

XII
Lampião também pulou
E disse: toca Gonzaga
Que Maria está pronta
A festa ta arrumada
Hoje é dia de funaré
Tem cachaça e mulher
Pra tú tem cem namoradas

XIII
Luiz olhou para Deus,
Senhor eu já estou pronto
Venho a mando seu
O céu é o meu encanto
E quem herdar o inferno
Terá um desgosto eterno
Sem vida será o pranto

XIV
Deixou Lampião e Maria
Em meio à confusão
Partiu com Deus e Cícero
Para a eterna salvação
Tocou a noite no céu
Coberto por Deus com véu
Que lhe deu purificação

XV
Por isso caro leitor
Procure obedecer
A salvação é Jesus
É entre ele e você
Não desvie do caminho
Para não ficar sozinho
Para o cão não lhe querer

CAMPANHA POR ÁGUA PARA ARARIPINA / ARARIPE

CAMPANHA POR ÁGUA PARA ARARIPINA / ARARIPE
GEonaldes Elhemberg de Sousa Gomes - Pepeta

Subindo e descendo vejo
Para onde o poder inclina,
Mais uma seca, aperto...
Sem a chuva tão divina,
E aos troncos e solavancos
A água é desencanto
Do povo de Araripina.

terça-feira, 8 de maio de 2012

A vida é assim - Por Geonaldes (Pepeta)

sábado, 5 de maio de 2012

Comício

COMÍCIO
Geonaldes E. de S. Gomes (Pepeta)
I
O cenário que agora vos descrevo
É complexo e até paradoxal,
O relato tem a fome, o sobejo
Aplicadas ás vítimas do "curral",
Onde enquanto um brilha como azulejo
O outro fosco, feio e desigual.

II
Um trepado usa a fala como arma
O outro escuta a fala desarmado,
Navegando no sonho de promessas
Que sabe, não verá realizado,
Mas se prende no cabresto de um favor
Pra dizer já votei e tá votado.

III
- Dr. lá em casa tem 12 votos
Se o Sr. me ajudar eu lhe ajudo,
É só tirar a lama do meu barreiro
Que eu garanto, vota tudo!
E ainda tem gente da vizinhança
Que vai junto, não lhe iludo.

IV
Assim transcorre as conversas
No fim do comício entre a cachaça,
Em meio a bêbados pedindo dose
Ou a compre de remédio na farmácia,
Um comprando a sua felicidade
E o outro vendendo sua desgraça.

V
- Me mande um carro pipa com água
Ou uma feira grande e bem surtida,
Tire minha carteira de motorista
Pague a conta da bebida...
Agora aí sim merece ganhar
Esse é de lascar, o primeiro na corrida!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A seca, o carro pipa e a eleição de Araripina

A seca, o carro pipa e a eleição de Araripina
Geonaldes E. de S. Gomes (Pepeta)
I
Ando muito preocupado
Com a atual situação
Parei para pensar
Fazer uma reflexão
Me lembrei da tamborada
Balde, lata amassada
E o carro pipa no portão

II
A poucos anos atrás
Essa cena era frequente
Em cada casa da cidade
Tinha um tambor na frente
Quando o carro chegava
Uma fila se formava
Parecíamos indigentes

III
Tinha a ficha semanal
Aumentando a humilhação
Depois veio a caderneta
Pra fazer a anotação
A água é que não chegava
Toda semana faltava
Era um mal sem salvação

IV
Quando Lagoa do Barro enchia
Tudo era animação
O sertão ficava em festa
Era boa a sensação
Corria água nas torneiras
Parecendo rua em feira
Que nem fogo em São João

V
Aí veio a adutora
O paraíso chegou
A água seria farta
Todo mundo assim pensou
Mas os canos eram finos
A água foi se esvaindo
E o tormento chegou

VI
Voltou o carro pipa
Nego comprando tambor
Reativaram as cisternas
A água mais cara ficou
Tem dia que não tem banho
Pra sair nem me assanho
Porque a torneira secou

VII
Então fico a imaginar
Como será a eleição
Muito carro e pouca água
Maior será a humilhação
Lata d'água na cabeça
Na hora de votar não esqueça
Passado de judiação

São João 2012 - Araripina

terça-feira, 1 de maio de 2012