O desafio de Zé Besta e Zé Sabido

O desafio de Zé Besta e Zé Sabido

Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes (Pepeta)

I - Zé Besta

Zé Sabido, camarada

Quero que você me diga

Quem botou eixo na terra

Quem inventou a fadiga

Se não souber responder

Peça logo pra correr

Salte fora dessa briga

II – Zé Sabido

Me chamo José Sabido

Estou em pleno apogeu

A terra só tem um eixo

Pois o engenheiro é Deus

E quem inventou a fadiga

Foi um filho de rapariga

Teu pai, José Irineu

III - Zé Besta

Se realmente é sabido

Saberá me responder

Quem botou doce no mel

Quem faz a nuvem chover

Não invente arrudeio

Não temo a cabra feio

E fraco como você

IV - Zé Sabido

O Necta da abelha

Da flor é proveniente

Subindo na evaporação

Deus faz a água cadente

Pergunte-me o complexo

Pois sua falta de nexo

O torna incompetente

V - Zé Besta

Você é um prepotente

Impostor de nome errado

Afirma-se inteligente

Mas é muito antiquado

Quero então que me diga

Como vive a lombriga

Dentro do bucho trancado

VI - Zé Sabido

São vermes nemátodes

Que após a ingestão

Atingem o intestino

Invadem também pulmão

Oxigênio e nutrientes

Assim vivem estes entes

Até a sua excreção

VII - Zé Besta

Agora diga ligeiro

Porque o mudo não fala

Porque a roda é redonda

Para andar pela estrada

Se não souber responder

Eu respondo por você

Lhe ensinar não me abala

VIII - Zé Sabido

Não fala pois não escuta

O estimulo é natural

Quadrada não rodaria

Não há engenhoca igual

É a base do progresso

Por ela me interesso

Invenção fenomenal

IX - Zé Besta

Então quero que responda

Porque o ar se desloca

Porque o milho ao fogo

Pula e vira pipoca

Não sabendo é só correr

Vai ser melhor pra você

Bicho da cara de porca

X - Zé Sabido

Gases em curta escala

Fazem o deslocamento

O milho lá na panela

Sobre o aquecimento

Tendo ele menos água

Esta é vaporizada

Provocando tal rebento

X I - Zé Besta

Porque o escorpião

Suga a mãe após nascer

Mata-a e não se importa

Se é pra sobreviver

Quer os livros eu empresto

Pois aqui no manifesto

Já sei que tu vai perder

XII - Zé Sabido

A informação é errada

A troca de pele é certa

Já no acasalamento

A fêmea é quem faz a festa

Termina comendo o macho

Faz dele o seu capacho

E os filhos é o que resta

XIII - Zé Besta

Como então tu explica

O fato do sol nascer

Quem já viu o sol se por

Abrindo o entardecer

Você tá trevaliando

Seu poder tá acabando

E o besta vai vencer

XIV - Zé Sabido

No horizonte ele surge

Também lá desaparece

Com a rotação da terra

A luz do sol ancandece

Não nasce e não se põe

Sua luz é que se impõe

Na função que ele exerce

XV - Zé Besta

Porque a lua se enche

E com toda idade é nova

Minguante, quarto crescente

Pondo a dúvida à prova

Agora peguei você

Se não souber responder

Vá pastar boi de aftosa

XVI - Zé Sabido

Da terra a lua é

Um satélite natural

O ângulo terra-lua-sol

É algo fenomenal

Define as tais visões

Como se fosse ilusões

Ou luas transcendentais

XVII - Zé Besta

Então explique o fogo

Sem me fazer confusão

Porque ocorre a queima

Em ponto de combustão

Que agente o apaga

Se nesse agente se nada

Responda com precisão

XVIII - Zé Sabido

Material combustível

Em rápida oxidação

Liberando calor e luz

Em veloz propagação

A água é o que apaga

Também nela você nada

Mergulha, faz natação

XIX - Zé Besta

Porque o vulcão se zanga

E entra em erupção

Provoca a cinza vulcânica

Causando poluição

Sabes qual o maior deles

Então diga quem é ele

Ou vou lhe passar a mão

XX - Zé Sabido

Da extravassão do magna

Nas profundezas da terra

A erupção traz “derrames”

A lava vira uma fera

Mauna Loa no Avaí

É o maior, eu já vi

No mundo ele impera

XXI - Zé Besta

Zé Sabido tu é besta

Tirei essa conclusão

Não é páreo para mim

És fraco como barrão

Fica aí no teu chiqueiro

Poeta fraco e fuleiro

Vá tomar mais instrução

XXII - Zé Sabido

Seu nome lhe justifica

Você é besta e patético

Não chega a minha unha

Pois sou poeta eclético

Recolha sua poesia

Vá para outra freguesia

Seu moleque indigesto