sábado, 9 de junho de 2012

Início do desafio GEONALDES X NEDILZA

NEDILZA

Eu propus um desafio
para o meu primo pepeta
quero ver se ele é bom
no papel e na caneta
mas depois não vá chorar
nem tão pouco espernear
ficar fazendo careta

GEONALDES

Acho muito desaforo
Desta menina mimada
Na caneta e no papel
Você é só entiada
Sei, no verso e na rima
Logo você amofina
Ligeiro você entala

Nedilza:

Parece que o cabra é bom
Mas não tenho medo não
Quando entro numa briga
Sou igual cavalo do cão
Eu só paro de bater
Quando o cabra tá no chão.

GEONALDES

Olhei, vi e revi
O seu ato poético
Percebi sua fraqueza
O verso ficou patético
Não use a sua rima
Pra detratar coisa prima
De um poeta eclético

NEDILZA

meu caro primo pepeta
não queira me humilhar
eu sei que você é bom
isso eu não posso negar
mas saiba que aos meus pés
você jamais vai chegar.

GEONALDES

Alguém roubou seu espeto
Comeu sua carne assada
Chutou o pau da barraca
Deixou você irritada
Se aquete, num se bula
Se não souber me engula
Fique de boca calada

Poesia é destreza
Maestria e perfeição
O poeta se eleva
Outros ficam pelo chão
Àquele que me desafia
No lombo a chibata chia
Passa por humilhação

Lhe arrasto pela rua
Lhe puxo pelo cabelo
Lhe bato com vara verde
Provoco um desmantelo
Vou lhe ensinar poesia
O faço com garantia
Acabando o pesadelo

Para se igualar a mim
Você tem que estudar
Gastar todos os neurônios
Escrever e rabiscar
Recomendo o estudo
Não minto, não lhe iludo
Nasci para imperar

NEDILZA

Você quase me desmonta
mas sou uma mulher guerreira
levanto, sacudo a poeira
ninguém me derrota não
deixa de ser sem noção
pare de falar besteira
logo lhe dou uma rasteira
e boto você no chão.

NEDILZA

A coisa tá esquentando
igual assim nunca vi
eu escrevo, tu escreves
você ler o que eu já li
porém se não aguentar
você pede pra sair.

Fica cantando de galo
querendo ser o bonzão
dizendo que já bateu
no valente lampião
és mesmo um cabra de peia
que apanha de correia
de se estribuchar no chão.

Deixa de falar bobagem
de inventar fantasias
vai lê pra vê se aprende
uma de minhas poesias
talvez até tu aprendas
quem sabe me surpreenda
e deixe dessa agonia.

Só tem força no gogó
ou só bate em mulher
e se esta for molenga
que no meu caso não é
pois se eu lhe der um grito
tu pedes logo pinico
rapidinho dá no pé.

È melhor ficar na tua
deixar o povo enganado
achando que és o tal
sabendo que é só boato
pois cabra como você
lamento mas vou dizer
não perco tempo nem papo.

GEONALDES

Não me surpreendes Nedilza
Apesar do parentesco
Respire, dê uma volta
Tome logo um ar fresco
Que a peia vai aumentar
É de cachorro chorar
De jegue perder cabresto

Até seu galo Sansão
Depois de ter cozinhado
Sentirá dó de você
Com o lombo todo inchado
Gritarás "Deus me ajude"
Bata a poeira e o grude
Depois de ter apanhado

Até o Miguel Jacó
Que é seu advogado
Comigo entra na peia
Ficará todo ingenbrado
Vão aprender se calar
E nunca mais desafiar
Quem no cordel tem mestrado

Se já bato em parente
Imagine nos alheios
Se desafias tem tutano
Ou é doido e guenta peia
Então procure apreder
Depois falo com você
Não me faça coisa feia

Se ver que não aguenta
Pegue o beco, vá embora
Se desculpe, se ajoelhe
Ou fique do lado de fora
Recomece a estudar
Corra, vá se preparar
Depois volte para a rinha

NEDILZA

não sou de falar difícil
tão pouco falar bonito
José para mim é ze
francisco pra mim é chico
não vou enfeitar meus versos
com nomes tão esquisitos.

Não penses que eu tenho medo
eu confio no meu taco
pois nada que tu disseres
vai me colocar pra baixo
manda lá que eu mando cá
não fique aí a chorar
prove que é cabra macho.

Portanto não penses tu
que eu aqui vou desistir
não penses que esse gosto
te darei para sorrir
então use a cabeça
o papel e a caneta
e tente me destruir.

Meu caro tenha certeza
estou com pena de você
lhe darei muitos motivos
pra você se arrepender
de ter entrado na briga
causarei tanta fadiga
que vai desejar morrer.

Sei que estás passando mal
mas calma que ainda tem
cuidado nas suas rimas
pois algumas não convém
sei que a coisa tá difícil
ou você pede pinico
ou viaja pro além.

Quanto a Miguel Jacó
tu não fiques revoltado
ele sabe o que é bom
por isso tá do meu lado
vá estudar mais um pouco
antes de me dá o troco
aprenda mais um bocado.

GEONALDES

Invés de bater em um
Terei que bater em dois
Se a poetisa é boa
O poeta se impôs
Isso me lembra comida
Uma das preferidas
É como feijão e arroz

Se Nedilza é poetisa
Miguel Jacó é poeta
Mas na arte da caneta
Vale o que se decreta
O bom não pode ser fraco
Por confiar no meu taco
Vou quebra as vossas testas

Miguel, bato de chinela
Nedilza, vou de cipó
Encango os dois nos cabelos
Na sia aperto o nó
Viajo montado no lombo
Sou o poeta Colombo
Mandando os dois pro pó

Viajo toda a América
Sobrevoa a Oceania
Percorro todo o mundo
Sentindo vossa agonia
Polo Sul e Polo Norte
Por isso fico mais forte
O forte é que vos guia

Não sou mais que ninguém
Ninguém é melhor que eu
Mas na rima ou poesia
Não aliso pigmeu
Comigo é na chibata
Quem tem sangue de barata
É fraco, é um ateu

Mas minha surra é boa
No verso metrificada
A rima não sai atoa
A lágrima não sai chorada
Quem for fraco que se quebre
Quem não cheira e não fede
Não demora, se acaba

NEDILZA

É rimando que eu vou
acabar com seu rompante
pois falando mal de mim
não fica nada galante
pepeta tome tenência
e não seja ignorante.

Te chamei pra um desafio
pois em ti botava fé
mas você só me provou
que é um tremendo mané
querendo ser muito mau
mas apanha de mulher.

Está todo se achando
querendo ser lampião
pra isso tem que comer
muito prato de feijão
pois se eu te pegar de geito
te faço lamber o chão.

E querendo ser o tal
afrontou Miguel Jacó
tu agora vai sofrer
apanhar de fazer dó
pois o homem tá mais bravo
que o fugilista popó.

Eu vou te dar um conselho
pede desculpas pr'a gente
vai ser melhor pra você
ou pior daqui pra frente
pois nós vamos te fritar
num balde de óleo quente.

faz um verso bem bonito
falando bem de nós dois
então comece a comer
bastante baião de dois
quem sabe assim fica forte
pra nos enfrentar depois.

GEONALDES

Você para ser parente
Pouco a mim considera
Acho que por não saber
Nem com surra se intéra
Mas na ultima confusão
Dei de tapa em trinta cão
Dei de pal na besta fera

Fui chefe de Lampião
Comandei todo seu bando
Já tirei leite de pedra
Vi Pade Ciço chorando
Dei ordens a Beira Mar
Fiz ele se ajoelhar
Pedir clemência rezando

O Brasil só melhorou
Porque a Lula aconselhei
Dilma come do que quero
Eduardo é meu freguês
Tenho formula e segredo
Fui quem elegeu Tancredo
Fiz tudo com altivez

Não ouse desafiar-me
Sem que esteja preparada
Rabiscas na poesia
Mas ainda é comandada
Não preciso lhe bater
Não ouse me ofender
Ou lhe tiro da estrada

Começo lhe encarroçando
Com arreios no pescoço
Com chicote de rei crú
Deixo seu lombo no osso
Peça logo o meu perdão
Ou vai rolar pelo chão
Com um banho de sal grosso

Aspirante de poeta
A mim pedirás clemência
Verás o quanto és fraca
Quanto custa a inocência
Palavras mal proferidas
Que abrem grandes feridas
Pegando estrada inversa

Desculparei aos dois
Pois ambos estão errados
Um por desafiar
Outro por ter ajudado
Baixem logo a poeira
Ou vai ser uma quebradeira
Té logo, muito obrigado...

NEDILZA

Pepeta vc agora
tá me tirando do sério
quer tomar o meu império
mas assim não vai ficar
você quer me humilhar
mas não encontra argumentos
portanto neste momento
uma coisa vou falar
ou tu pedes pra sair
ou mando te deportar.

Muita calma nesta hora
pois o clima ficou tenso
meu primo não tem mais senso
nenhum pingo de noção
levado pela emoção
não sabe mais o que diz
em tudo mete o nariz
um aviso vou lhe dá
ou tu pedes pra sair
ou mando te deportar.

Do amigo Miguel jacó
inventou de falar mal
és mesmo um cara de pau
cabra bom de apanhar
em suas costas vou quebrar
um bom pedaço de pau
quando for pro hospital
um conselho vão te dá
ou tu pedes pra sair
ou mando te deportar.

Fala sério Geonaldes
não estou de brincadeira
tu já tá com caganeira
com muito medo de mim
pois uma mulher assim
você jamais enfrentou
por isto é que te dou
uma chance pra pensar
ou tu pedes pra sair
ou mando te deportar.

Não esqueci que você
é meu primo meu parente
mas você com seus repentes
não deixou alternativa
pois eu me chamo Nedilza
não gosto de desaforos
já domei cavalo e touro
e também vou lhe domar
ou tu pedes pra sair
ou mando te deportar.

GEONALDES
No mesmo estilo respondo
Do alto e com altivez
Agora é a minha vez
Você vai se acocorar
De xixi vai se molhar
Igual galinha pedres
Pois aqui neste xadrez
Não podes me alcançar
Peça logo pra correr
Pra você não se borrar

Vou lhe amarrar de croá
No tronco de uma favela
E dentro desta novela
Uma surra vou lhe dar
Suplicarás a gritar
Lagrimejando sem fôlego
Não arrumarás um doido
Que queira te ajudar
Peça logo pra correr
Pra você não se borrar

Tenho tutano no osso
Ao contrário de você
Que passa fome sem comer
Parece galinha nanica
Ciscando sua titica
Já com medo de morrer
Vejo que vais desistir
Pois não irás aguentar
Peça logo pra correr
Pra você não se borrar

És gato com medo do cão
Não lhe aliso, pode crer
Quando começar torcer
Que o nó eu apertar
Então tu irás parar
Tremula e arrependida
Com as costas em ferida
Só poderás lamentar
Peça logo pra correr
Pra você não se borrar

Não mostre para os colegas
Tamanha humilhação
Não é minha decisão
Desconjuntar os parentes
E tu já está sem dentes
De tanto eu te bater
Para acabar com você
Minha mão vai trabalhar
Peça logo pra correr
Pra você não se borrar

Só falta tirar o coro
Que os dentes já caiu
A nedilza sucumbiu
Está no fundo do poço
A água pelo pescoço
E a voz enfraquecida
Com o corpo em feridas
A mente quase a parar
Peça logo pra correr
Pra você não se borrar

NEDILZA...

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