A teima de Luiz Gonzaga com Zé Boca de Tiú,
(Pé de Cabra e Pé de Bode)
Certa vez em um roçado
Lá pras bandas de Exu,
Luiz Gonzaga encontrou
Com Zé Boca de Tiú,
Foi quando se deu a teima
E Gonzaga quase queima
O seu velho caititu.
Pois Gonzaga procurava
O seu velho “PÉ DE BODE”,
O agricultor falava
- Com esse nome “num pode!”,
Eu sei é dum “PÉ DE CABRA”
Coisa que nunca se acaba
Que nem um trovão sacode.
- Quem já viu um instrumento
Com o nome invertido,
Seu Tiú, tu ta é doido
Com o juízo comido,
Com esse nome não pode
Tem que ser o “PE DE BODE”
Pois só tem esse apelido.
- Eu conheço a região
Fica lá no tabuleiro
Você pode confirmar
Ta vizinho ao umbuzeiro
Da aposta ocê num abra
Vou mostrar o “PÈ DE CABRA”
Qui fica no cerqueiro.
- Pois então eu quero ver
O diabo do “PÉ DE CABRA”,
Vou tocar baião, xaxado
Resfolengo valseada,
Vou fazer um reboliço
Que até meu Padim Ciço
Vai dançar uma noitada.
- Eu num to lhe intendeno
Mais vou lá lhe amostrá,
Uma coisa bem bunita
Boa de apreciá,
É bela de riba a baixo
E sai um som dos diacho
Qui só Deus pra inventá
- Num disse que ta é doido!
Ora veja só se pode,
Tirar som de “PÉ DE CABRA”
Se eu toco é “PÉ DE BODE”,
Ô sertão pra ter maluco
E o Pitu ta caduco
Não conhece nem um fole.
No caminho a peleja
Continuava aumentando
Pé de cabra, pé de bode
- Calma que tamo chegano!
Ao entrar no tabuleiro
Passando pelo facheiro
Foi tudo se revelando
- “PÉ DE CABRA” estica arame
“PÉ DE BODE” faz forró,
Mas me diga a onde está
O ó do borogodó,
Quero ver meu instrumento
Que já deve tá cinzento
Adiante seu bocó!
Já vi que o veio Lua
Dessa vez ele indoidô,
Óia lá o “PÉ DE CABRA”
Que na terra Deus prantô,
Por o mei deve tê bode
Pois até cabrito pode
Passá onde o pai passo
- Porque que tu não me disse
Que era um pé de pau,
Que nele as cabras subia
Como roupa no varal
Eu procura é a sanfona
A pequena acordeona
Que sumiu do meu quintal
- Então aprenda a falar
A expricá direitim,
Pois o tá macaco prego
É iguá a um sonhim
Mais os dois são diferente
E só os inteligente
Num mistura eles tudim
Assim terminou a teima
Assim a história acaba,
Luiz sem o “PÉ DE BODE”
Engolindo o “PÉ DE CABRA”,
Eu digo porque estava lá
E se você quer duvidar
Pergunte a Zé Quixaba.
Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes – 12/ 09/ 2013
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