quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O desafio de Lampião com o papa Francisco

O desafio de Lampião com o papa Francisco

I
O Jorge Mario Bergóglio
Logo após ser empossado
Por decisão do conclave
E por Francisco chamado
Rezou na Capela Cistina
Era a volta por cima
Iniciando o papado

II
Na Basílica de São Pedro
No dia 13 de março
Em primeira aparição
Passou por um embaraço
Enquanto ele rezava
Uma sombra lhe rondava
Lhe seguindo até o quarto

III
O mundo todo parou
Para ver o novo papa
E o Bento Dezesseis
Retira a sua marca
Não revela o motivo
O povo apreensivo
Opina, diz o que acha

IV
Eis que então na dormida
Do Argentino Francisco
De joelhos a rezar
No seu olho entrou um cisco
E na hora de coçar
Pôs-se o olho a irritar
- Juro, não entendo isso

V
Quanto mais ele esfregava
Mais vinha a escuridão
Uma voz branda falava
Causando imaginação
-Quem é que já vem de lá?
Quem quer a mim perturbar?
Repreendo em oração

VI
-Agora vou lhe falar
Papazinho americano
Sei que és um argentino
Por debaixo desses panos
Mas lá pelo meu sertão
Cabra que nem Lampião
Num fica se impapano

VII
-Sou Virgulino Ferreira
Da Silva, Sou Lampião
Já tirei côro de gente
Na ponta do meu facão
De faca e baioneta
Já tangi até o capeta
E quero sua atenção

VIII
Então o cisco sumiu
E Francisco assustado
-O que diabos é isso?
Só sendo coisa do diabo
Primeiro dia de papa
E já vou tomar garapa
Por estar todo empapado

IX
-Eu vim aqui em missão
Pra revelar um segredo
Na ferida que o mundo
Sempre quis meter o dedo
Eu sou a inquisição
Sou o pobre em queimação
Sou a miséria, o medo!

X
Sou a desgraça da guerra
A ganância apodrecida
Sou a criança ao relento
O aborto já sem vida
Sou o excreto humano
Que o mundo desumano
Deixa a despercebida

XI
Sou o pior, sou a fome
O choro, a lamentação
O eco do desgoverno
A pura abandonação
Sou mendigo a pedir
E hoje eu estou aqui
Na sua imposação

XII
Careço que o seu oiá
Ispie pelos piqueno
Pra nun ter ôto de mim
Gritano e também gemeno
Recado de padim Ciço
Vim aqui sem ribuliço
Agora to lhe dizeno

XIII
-Meu filho, a luz de Deus
Que é branda e macia
Brilha para todo mundo
Ao raiar de um novo dia
E a noite tão suave
Não causa-me entraves
Por isso eu lhe ouvia

XIV
Seus pecados já se foram
Por Deus, são perdoados
Toda voz será ouvida
Toda voz é ecoada
E toda a humanidade
Que busca por liberdade
Terá que ser escutada

XV
-Não sou mais o tal bandido
Agora sou do amor
Minhas balas são de flores
Não suporto o terror
A minha vida marcada
Já foi toda niquilada
Com o que já Deus moldou

XVI
Agora é só sossego
Intonse vou regressar
Repassei o meu recado
Que meu padim mandô dar
Vô vortá pro meu discanso
Pro lugar dos cabra manso
Adonde meu padim tá

XVII
-Avise para o padre Cícero
Que seu recado foi dado
Que o amor será intenso
Durante o meu papado
Com a igreja de pé
Fortalecer-me-ei na fé
Com o pequeno centrado

XVIII
Foi assim que aconteceu
Esse encontro marcante
O bandido e o pontífice
Algo muito contrastante
Eu vi porque tava lá
E se você duvidar
Pergunte para “Brilhante”

Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes – Agosto de 2013.

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