segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Forró da Pesadeira


Forró da Pesadeira

Certa vez no pé da serra
Na casa de Militão
Fui num forró de sanfona
De candeeiro em oitão
Comecei pagando a cota
Por exigência de Doca
Dono da contratação

Na cuia de arrecadar
Botei lá meus dois cruzeiros
De longe já escutando
O cantar do sanfoneiro
E de olho nas meninas
Queria uma das mais finas
Para riscar o terreiro

Toca o forró a andar
Eu caí na gafieira
Comecei a paquerar
Ameaçaram peixeira
- Óia adonde tu pisa
Quer imendá as camisa
Muleque de mei de fêra?

Então fiquei mais cabreiro
Fui prestando atenção
Não é que a tal mulher
Era filha de Lampião
Tive que mudar os planos
Comecei outra olhando
Já meio ao desengano

Já na primeira dançada
Bateu forde o pandeiro
- Não se inchira pra moça
Qui namora o sanfonero
Que diabos está passando
Todo mundo já tem dono
Só vai sobrar o terreiro

Apelei para a mais feia
Já velha e desdentada
Quero ver quem é que quer
Esta estrovenga lascada
Quando lhe passei a mão
Chegou o seu Militão
-Respeite minha intiada

De certo que eu fiquei
Louco e apavorado
Para onde eu mechia
Estava a ser vigiado
Foi então que acordei
Nunca mais forró dancei
Pois amanheci suado

Além de todo suor
Era grande a tremedeira
Do forró de Militão
Não quero ver a poeira
Pois sé de um golpe só
Desatei setenta nó
Para fugir da pesadeira

Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes

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